O que é?
O aneurisma é uma dilatação da parede de um vaso sanguíneo, causando fraqueza da mesma e levando ao risco de ruptura do vaso e sangramento. Costuma se considerar aneurisma quando uma dilataçāo atinge, no mínimo, o dobro do tamanho original do vaso. Quanto maior o tamanho do aneurisma maior a chance de romper. Podemos compará-lo a uma bexiga de água, que as crianças costumam brincar no verāo (a medida que vai crescendo maior a chance de estourar). Os aneurismas podem se formar em qualquer artéria do corpo, incluindo artérias do cérebro. Conforme a localizaçāo anatômica, o sangramento pode ter consequência fatal.
O local mais comum para o seu desenvolvimento é na Aorta, que é a maior e mais importante artéria do corpo humano. Ela se origina no coraçāo, atravessa o tórax e vai terminar no abdômen, na altura do umbigo, quando se divide em dois vasos, as artérias ilíacas. No seu trajeto, a Aorta vai originando vasos (ramos) para os braços, cérebro, órgãos torácicos e abdominais e membros inferiores. Os aneurismas podem se desenvolver em qualquer parte da Aorta, sendo a porçāo abdominal, logo abaixo das artérias renais, o local mais comum da sua ocorrência. A idade avançada (> 60 anos), história familiar, o fumo, a hipertensāo arterial, a dislipidemia (colesterol e triglicerídios elevados), a cardiopatia isquêmica e a doença aterosclerótica sāo os maiores fatores de risco (isto é, fatores que favorecem ao aparecimento ou agravamento da doença).
Os aneurismas não costumam apresentar sintomas, crescendo silenciosamente. Somente são sintomáticos quando atingem tamanhos expressivos, comprometendo outras estruturas corporais (causando dor ou compressāo de outros órgāos) que vão exigir atençāo e investigaçāo médica, ou quando rompem, causando hemorragia interna com risco de vida (emergência médica).
>O diagnóstico é feito por exame de imagem (ecografia abdominal, tomografia computadorizada ou ressonância magnética). Como os aneurismas nāo costumam apresentar sintomas, a maior parte dos mesmos é descoberta de forma ocasional, através de um exame de imagem solicitado por outra razāo médica.
>A detecçāo do aneurisma, antes do surgimento de sintomas e através do exame físico, só é possível de ser feita pelo médico quando o aneurisma já está grande e o paciente nāo é obeso. Mesmo na presença de sintomas há necessidade de confirmação do diagnóstico através do exame de imagem.
>A principal e mais terrível complicação do aneurisma é a sua ruptura, causando hemorragia interna. A esta situaçāo de emergência médica, como grave risco de vida, se chama "aneurisma roto". Sintomas de ruptura do aneurisma de Aorta abdominal são: dor abdominal intensa e súbita com irradiação para as costas e queda de pressāo arterial causando palidez, sudorese, tonturas e desmaio.
O tratamento ideal do aneurisma da Aorta abdominal se baseia na prevençāo e monitoramento dos pacientes com fatores de risco favoráveis a doença. Quando o aneurisma é detectado, o paciente deve ser submetido a uma avaliação cuidadosa para avaliar-se o tipo, localizaçāo e tamanho do mesmo. Nem todo o aneurisma deve ser tratado cirurgicamente. Como em qualquer procedimento médico a relação risco/benefício deve ser bem avaliada. Quando houver indicaçāo médica, isto é, quando o aneurisma atingir determinados critérios (relacionados ao tamanho, a localizaçāo e a taxa de crescimento do mesmo) e as condições de saúde geral do paciente permitirem, a correção da doença deve ser feita, antes que ocorra a sua ruptura.
O tratamento se baseia na substituiçāo do segmento de Aorta abdominal doente por um de material sintético. Até há poucos anos, o único procedimento possível era através da cirurgia aberta. Procedia-se a abertura do abdômen com a exposiçāo da Aorta e a sua substituiçāo por material sintético (dacron ou politetrafluoroetileno - PTFE). Este procedimento necessitava de anestesia geral, suporte vital significativo, alto risco trans e pós operatório, internaçāo hospitalar longa (com vários dias no Centro de Tratamento Intensivo - CTI) e recuperaçāo demorada, mas com resultados amplamente positivos.
Com o surgimento dos métodos endovasculares (isto é, que nāo exigem a abertura do vaso alvo), o tratamento vem se modificando. Apesar de um alto custo inicial (devido ao uso de materiais específicos) a cirurgia endovascular vem se tornando a opçāo preferencial. É que os riscos transoperatórios, a internaçāo hospitalar e o tempo de recuperaçāo cirúrgica diminuem consideravelmente com o método endovascular. O tratamento endovascular atual exige que o procedimento seja realizado em uma sala de hemodinâmica (com aparelhos de imagem em tempo real) e que o acesso seja feito através das regiões inguinais, por onde sāo introduzidos os materiais necessários para a correçāo da doença. Por meio delas se acessa as artérias femorais, com a passagem, posicionamento e liberaçāo do stent revestido (endoprótese). Se não houverem intercorrências, o paciente retomará suas atividades em um curto espaço de tempo. Controles de imagem periódicos (ecografias ou tomografias computadorizadas) se fazem necessários no pós-operatório tardio (meses/anos). A evoluçāo rápida e constante dos materiais endovasculares, dos métodos de imagem e de controle dos fatores de risco nos levam a projetar um futuro ainda melhor no tratamento dos aneurismas de Aorta abdominal.
A prevenção do aneurisma de aorta se baseia em evitar e corrigir os fatores de risco (o fumo, a hipertensāo arterial, a dislipidemia, a cardiopatia isquêmica e a doença aterosclerótica), e adotar um estilo de vida saudável, com prática regular de exercícios físicos e alimentação adequada.